quarta-feira, 17 de dezembro de 2014







Moção
Contra o Processo de Municipalização das Escolas

Considerando que:

a)    Está em curso um processo de municipalização de competências em matéria de educação, materializado através da assinatura pelo Estado, com diversos Municípios, de contratos interadministrativos de delegação de competências;
b)     Este é um processo que tem sido desenvolvido com secretismo, com a intenção de evitar que dele tenha conhecimento a comunidade educativa e em especial professores e professoras, de forma a evitar qualquer tipo de contestação;
c)    Tais contratos assentam sobretudo em pressupostos economicistas, visando a desresponsabilização do Estado relativamente a um sector essencial como é o da educação;
d)    As autarquias em dificuldades financeiras, têm sido aliciadas com a transferência de verbas e com “coeficientes de eficiência” que configuram a atribuição de financiamento no valor de 13594,71 Euros/ ano por cada docente que consigam dispensar;
e)    Todo este processo significa também uma grande ingerência na gestão dos estabelecimentos de ensino, ficando a autonomia dos mesmos ainda mais amordaçada.
f)     A transferência de verbas para as autarquias fará com que gestão passe a ser feita por estas. Essa gestão também passará a ser feita ao nível dos recursos humanos e técnicos;
g)    Os contratos permitem que 25% do currículo seja gerido localmente, o que implicará a definição e contratação ao nível local de recursos que assegurem esta percentagem do currículo;
h)   A experiencia de gestão de pessoal nestas circunstancias, quer seja quanto a pessoal das Actividades Extracurriculares ou a pessoal auxiliar de acção educativa, demonstra-nos que muitas vezes as autarquias recorrem a contratação com vínculos precários ou até mesmo à medida Contratos Emprego Inserção (CEI e CEI+);
i)     Estamos num país onde as assimetrias são cada vez mais acentuadas, favorecendo tal facto um crescendo de desigualdade de oportunidades e de discriminação no acesso a uma educação de qualidade;
j)      A aposta desenfreada na privatização leva a financiamentos de escolas privadas e, em paralelo, a um empobrecimento da escola pública, aumentando os alunos por turma, reduzindo os currículos, despedindo professores e professoras;
k)     Com a municipalização o Estado pretende livrar-se da sua responsabilidade na educação, configurando um abandono claro daquela que devia ser a prioridade das prioridades para um País que se quer desenvolver;
l)     Este processo põe-nos perante uma educação em saldos e a retalho. A escola pública ficará refém de favorecimentos e amiguismos em desprimor da qualidade, da transparência e do rigor que as nossas crianças e jovens têm direito.

Assim, a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, reunida em Sessão Ordinária a 17 de Dezembro de 2014, ao abrigo do artigo 25.º, n.º 2 alíneas j) e k) do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de Setembro, decidi:

1 – Pronuncia-se contra o processo em curso em diversas autarquias do país e exige a sua suspensão imediata.

2 - Recusa qualquer processo de municipalização da educação no Município Salvaterra de Magos.

3 - Solidariza-se com a luta dos professores, professoras e restante comunidade educativa contra a municipalização da educação.

4 – Apela à promoção de um encontro entre autarquias da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) para contestação do processo de municipalização da Educação.

5 - Enviar a presente Moção a suas Excelências o Primeiro-Ministro, o Ministro da Educação e Cultura, o Secretário de Estado da Administração Local, aos Grupos Parlamentares na Assembleia da República, aos Sindicatos de Professores e da Administração Local, às Câmaras e Assembleias Municipais da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos, Juntas de Freguesia e União de Freguesias do Concelho e Comunicação Social.


Os vereadores eleitos pelo Bloco de Esquerda

Salvaterra de Magos, 17 de Dezembro de 2014

Aprovado por unanimidade

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